Fotografia de Parto - Chegada de Bella

Muitas pessoas dizem que sou bom escrevendo, que gosta dos meus textos, mas eu nunca tinha escrito aqui no blog e confesso que comecei e apaguei esse inicio de texto algumas vezes, por onde começar? Pelo começo? Não, minha historia com essa família incrível começa muito antes de ontem, e não quero escrever um livro aqui, mas desde o dia que a Tanila contou que estava gravida de novo, a gente falou sobre fazer fotos e inclusive do parto, poderia contar também que fui fotografar a revelação do sexo dessa gravidez e que tanto a Tanila e o Gleison já sabiam que era a Bella lá dentro, seus filhos também sabiam, a irmã da Tanila também estava lá e também sabia, no fim o chá revelação era somente eu que teria uma surpresa, mas quero contar sobre o parto, não se trata apenas de fotografar um parto, mas sim o parto de uma família que tem um lugar de admiração e carinho dentro do meu coração.

Dia 17 de março de 2022,  às 7h da manhã já estava lá, quis acompanhar e fotografar todo preparativos para o dia da chegada da Bella, não montei poses nem fiquei preocupado com luz e ângulos, queria somente registrar essa historia, participar também, quando estou com eles, eu sempre fico atendo a escutar, observar, quem conhece eles sabe como é sempre uma aula ouvir eles falarem, ver como eles lidam com as coisas, como eles criam seus filhos, como é leve e divertido a relação deles, eles estavam indo para seu terceiro filho, Tanila é a calma em pessoa, é como se ela já tivesse tido 50 filhos, não demonstra preocupação, sabe de certa forma tudo que vai acontecer, isso me deixou extremamente em paz, fotografei ela arrumando os meninos para deixar com a Avó, tempo todo muitos beijos e abraços, muito carinho, muito amor ali em cada gesto, até então eu estava me divertindo e sempre admirando tudo, deixamos as crianças e fomos ao hospital, chegando lá a Tanila já sabia exatamente cada detalhe e o que ia acontecer, muita espera, muita espera, mas quem já conversou com esse casal sabe que conversar com eles sempre é uma pausa no tempo, você esquece o relógio.

Entre muitas conversas foi chegando a hora de entrar no centro cirúrgico, quem me conhece hospitais não me assustam fotografar situações diferentes não me assusto, eu estava tranquilo, ansioso por não ter ideia da luz, de como ia fotografar, que lugar da sala eu poderia ficar, coisas desse tipo, estava realmente preocupado com as fotos, até que a Tanila resolve falar que caso acontecesse alguma coisa ela tinha coisas escritas no bloco de notas do celular, suas senhas, recados para seus filhos, para Bella que ainda não havia nascido, essa hora me caiu a ficha que existia um risco ali, sim logicamente é uma cirurgia, é um parto, era terceiro parto da Tanila, nessa hora vi nos olhos do Gleison uma preocupação, a Tanila muito calma como sempre (que mulher/mãe/esposa surpreendente), Gleison é uma das pessoas mais positivas que conheço no mundo, e não estou falando de positivismo bobo e ingênuo, digo positivismo de ação, mas vi ele preocupado, sim dizendo que tudo ia ficar bem. Mas ali algo tinha mudado dentro de mim, entendi o risco, a preocupação, eu já vivi muitas situações ruins na minha vida, fiquei preocupado por que sei que a vida é delicada, é frágil, que tudo pode acontecer dentro de minutos e tudo muda, mas dentro do meu coração sabia que ia ficar tudo bem. Logo entrou a enfermeira e começou preparar a Tanila, eu e o Gleison fomos para o vestiário masculino se arrumar, nesse momento a Tanila já ia receber a anestesia e foi primeiro momento que o Gleison ficou longe dela, vi que ele estava ansioso, preocupado, procurei brincar com eles sobre algumas coisas, conversar sobre outras, a espera começou ficar longa, já era mais de 11h até então o tempo tinha passado voando, mas ali esperando sem saber o que estava acontecendo, demorou uma eternidade, quando vieram e nos chamaram demos 5 passos estávamos dentro do centro cirúrgico, já tinha começado o procedimento, Gleison foi logo sentar e segurar a mão da Tanila, fazendo carinho, perguntando a cada minuto se estava tudo bem, os médicos tinha uma função ali, fazer uma cirurgia rápida, e não era explicar nada e sim parecia que alguma coisa estava fora do controle deles, mas eu só queria fotografar, luz difícil, espaço e ângulos terríveis, eu não podia de forma alguma atrapalhar então se mover com olho na maquina e correr risco de esbarrar em algo estava fora de cogitação. Eu senti um misto de emoções ali, preocupação, medo, ansiedade, ao mesmo tempo eufórico, uma admiração maior pelos dois ali, o carinho o amor deles, Tanila tranquila como sempre e querendo dar jeito de ver a cirurgia, o Gleison evitando olhar ao qualquer custo, Tanila me perguntava se tava tudo certo, se eu estava vendo algo, o que eu via era o medico fazendo muita força e falando algo sobre fibrose, pedindo pra abaixar a mesa de cirurgia, ele agindo com muita velocidade e sem explicar nada, de certa forma parecia que algo estava errado ali, eu sem entender muita coisa, só dizia “ Sim, ta tudo certo ali”, comecei a reparar os batimentos da Tanila na tela, estava perto de 100 as vezes passava um pouco as vezes um pouco menos, sabia que estava normal, quando menos esperamos o medico puxa a Bella, abaixa o tecido que impedia Tanila de ver a cirurgia, e coloca a Bella, no colo dela, ainda com cordão umbilical, toda suja, 2 segundos colocam a tesoura na mão do Gleison, ali vi nos olhos dos dois, o misto de emoções, a materialização do amor, os dois extremamente emocionados, mas foi uma fração de segundos já tiraram a Bella dali, eu nessa hora já tinha esquecido boa parte do que gostaria de fotografar, era 11h33 a hora que a Bella nasceu a minha ideia era fotografar o relógio da parede, nem lembrei de tão rápido que aconteceu, a Bella e o Gleison foram pra outra sala, eu olhei pra Tanila e perguntei se estava tudo bem, ela sorriu e falou você ta liberado, vai lá com a Bella, eu fui correndo só queria fotografar, a Bella chorando muito passando pela avaliação, o Gleison olhando cheio de amor para ela, perguntando cada detalhe, temperatura, coração, pulmão, e tudo perfeito, nessa hora transbordava algo ali que era um sentimento que não conheço, nunca fui pai, mas era nítido, eu estava muito emocionado, e fotografando sem parar, Bella foi pesada (disso tirei foto do peso dela na balança), ela estava chorando o Gleison começou a cantar, ela reconheceu a voz dele, se acalmou, pegava com sua minúscula não no dedo dele, se sentia segura, mesmo com tudo que estava acontecendo, imagina foi tirada de dentro do conforto de sua mãe, para um lugar frio, onde as pessoas ficam te manipulando, mexendo, furando de agulha, luz no rosto, esfregando sua pele, e mesmo assim ela parecia confortável com a conexão com o pai, era magico, surreal, nisso Gleison pergunta da Tanila, as enfermeiras, não tem informação, ela diz até a hora que saímos estava tudo bem, (eu pensei sim, a gente também viu, mas e agora?) não tinha passado ainda o risco, o Gleison ali dando paz para a Bella, mas extremamente preocupado com a Tanila, onde eu estava conseguia ver a Tanila, o Gleison perguntou se os batimentos estavam bem, eu olhei estava em 76 não sou medico, não sei quanto deveria estar, mas antes estava perto de 100 achei baixo, mas falei pro Gleison ta tudo certo e normal (assim acreditei), quando ele conseguiu ver que estava em 76 ela falou num ta baixo? Eu disse a Tanila é uma pessoa calma, ta tudo bem! Eu fui lá, mas não ia perguntar pro medico ele estava fechando a barriga dela e segundo ele resolvendo alguma coisa da cessaria passada, eu perguntei pra Tanila, não que ela ia saber de alguma coisa, mas ela disse ta tudo bem, tudo certo e a Bella? Eu falei pra ela o peso e o tamanho, ela disse igual do ultimo ultrassom, percebi que ela estava bem de alguma forma, voltei para ver a Bella, nisso passou algum tempo eles me pediram ajuda no centro cirúrgico pra erguer a Tanila e colocar na maca, a principio achei que era brincadeira, mas sim realmente eles queriam minha ajuda, (deixa a câmera ali e ajuda aqui), a Tanila foi para observação, e ficamos ali com a Bella, o Gleison tempo todo perguntando da Tanila, se estava bem, onde estava,  se estava sozinha,  e com a mão o tempo todo fazendo carinho na Bella.
Ele vestiu a Bella, com uma roupa linda e que a Tanila já tinha deixado tudo separado, arrumado, e fomos até que enfim levar a Bella, para tomar seu primeiro mama no peito de sua mãe, ninguém precisa ensinar, ela sabia tudo que fazer, natureza perfeita, ali parecia tudo perfeito para mim, Gleison ligou para seus filhos por vídeo, era lindo de ver tudo aquilo, me senti extremamente grato por sentir e ver tudo isso. Minha admiração por eles só aumentou, quem não conhece a historia e a vida desses dois, não tem ideia, o amor deles é lindo. Eu quis ficar ali até o medico liberar para voltar para o quarto, não importa quando ia demorar, eu entendi que saber que estava tudo bem, tinha que isso acontecer, e confesso era lindo ver, cada detalhe, a Bella dormindo em paz do lado da sua mãe, o Gleison cuidando da Tanila, ela em paz e tranquila, força dela e tranquilidade era de surpreender até as enfermeiras que ali estavam acostumados com muitas e muitas mães.  

Voltei pra casa em êxtase, estou numa fase da vida que voltei acreditar que a vida por me surpreender de maneira positiva, que a felicidade bate a porta, que a dadiva da vida é viver.

Esse texto está longe de expressar e contar tudo que vi e senti, mas ainda estou digerindo, entendendo, essa historia não é sobre mim, é sobre como eu vejo e sinto tudo que aconteceu, chorei quando descobri que era a Bella dentro da barriga da Tanila, chorei a vendo nascer, chorei depois por lembrar de tudo, chorei com uma postagem que o Gleison fez me agradecendo, chorei de ver o amor do Gleison pela sua filha e o cuidado o tempo todo e preocupação com a Tanila, chorei de gratidão por ver o amor assim e forma tangível.

Não sei bem como acabar esse texto, essa historia começou agora, é o inicio da vida da Bella, mas posso ter certeza de uma coisa, ela é extremamente amada por toda sua família, e vai morar no melhor lugar do mundo dentro do amor do lar que existe naquela família.